O DIA EM QUE NOVA FRIBURGO/RJ CHOROU
Nunca pensei viver a apavorante experiência de uma tragédia natural, muito menos uma das maiores de todos os tempos do Brasil. Sempre achei que essas coisas só aconteciam em filmes de ficção, onde recursos tecnológicos e efeitos especiais nos fazem viajar pelos caminhos do pânico e pelas veredas do desespero. Aliás, nunca esses atalhos estiveram tão próximos, ou seja, nunca a ficção e a realidade foram tão difíceis de serem identificados.
Diferentemente dos filmes, o chiado da forte chuva que caía na madrugada de 12/01/2011 em Nova Friburgo – região serrana do Rio de Janeiro, bem como, o sons que às 6:00 horas da manhã (durante a madrugada, em alguns bairros) anunciavam os desmoronamentos de casas e prédios comerciais e residenciais não eram reproduzido em Studio, muito menos em cenários gigantescos e fictícios. Não! Eram assustadoramente reais e sem qualquer possibilidade de se tratar de um funesto pesadelo. Não obstante, nunca desejei tanto ter acordado de um pesadelo, mas infelizmente ou felizmente, não sei, sabia que era real, pois havia passado a madrugada acordado, olhando impotentemente o nível do rio, do alto de minha janela do terceiro andar, subir e a prenunciar uma grande e nefasta tragédia.
Nada ou ninguém era capaz de deter o ímpeto e a fúria da natureza, que parecia triste e furiosa com os constantes e insanos ataques que vem sofrendo ao longo da história.
O rio de lama que vorazmente navegava pelas ruas e avenidas da cidade, não pedia licença para invadir o alheio. Tudo lhe parecia seu e, assim, dava o destino que bem entendesse. Dessa forma, adentrava prédios, ainda que as portas e janelas não lhe fossem abertas ou autorizadas e cruelmente arrastava sonhos e pertences de quem sequer conhecia. Apavorante loucura!
Em pouco tempo constatei minha evidente fragilidade e impotência. Havia sido fantástica e sumariamente nocauteado pela força da natureza, sem que me fosse dado à esperança de acenar em busca de paz e trégua, ainda que com um pequeno recorte de pano branco. Pelo menos por algumas horas pensei estar definitivamente vencido. Sabia que a correnteza das águas, os escombros amontoados pela cidade, não escondia apenas corpos de pessoas amigas ou mesmos desconhecidas, mas sobretudo, sonhos e esperanças de muitos que, sequer, puderam ver realizados.
Após acomodar a dor e a tristeza que se instalou à despeito de minha vontade, não me restava alternativa senão buscar, em Deus, força para ajudar, de alguma forma, ainda que pouco ou quase nada, pessoas em piores condições que as minhas. Era hora de vencer nossos limites tão conhecidos e íntimos.
Os dias tornaram-se passado e, a cada amanhecer, nossa esperança e vigor, mais pujante. Pudemos sentir que não estávamos abandonados em meio aos destroços de um cenário de guerra. Não! Havia esperança!
O semblante de cada voluntário refletia o amor de um povo empático e solidário. A cidade foi tomada por pessoas e ajudas vindas de todos os cantos do país. Fomos abastecidos não apenas por ajuda material, mas, principalmente, por ações humanas que nos levaram a entender a importância dos gestos de carinho em meio à dor, oriundos de uma palavra de ânimo e encorajamento, ou de um afago ou de um abraço. Enfim, pudemos entender a grandeza do altruísmo de pessoas que sequer conhecemos e que talvez jamais venhamos a vê-las novamente.
Assim, nos resta viver a esperança de que o melhor ainda está por vir; de acreditar que o choro pode realmente durar uma noite, mas que a alegria vem pela manhã; de aprender que ainda que os infortúnios nos afastem dos nossos sonhos, eles jamais serão capazes de sucumbir nossa esperança.
Celebremos, pois, a vida: nosso maior patrimônio!
1 Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. 2 Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; 3 ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam. 4 Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. 5 Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde antemanhã. 6 Bramam nações, reinos se abalam; ele faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve. 7 O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. 8 Vinde, contemplai as obras do SENHOR, que assolações efetuou na terra. 9 Ele põe termo à guerra até aos confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo. 10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. 11 O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Salmos 46:1-11 RA)
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